domingo, 19 de junho de 2011

Uma palavra em defesa dos justos

O professor John Souza tem como uma de suas principais características a confiança na verdade dos justos.
Disso deriva outra delas, que marcou sempre suas atitudes: a confiança de que, se o propósito é verdadeiro e justo, tudo dará certo (!).
Em nossas lutas no projeto que oferecia preparação aos vestibulares a pessoas de baixa-renda, sua postura era que sempre nos dava a certeza de que todos os problemas (que sempre eram muitos!) teriam solução.
Tranquilo, sempre nos pedia "calma, calma..."
O paradoxo é que, no momento, parece que essa confiança na verdade e na justiça (antes, sua força)tornou-se sua fraqueza, pois, enquanto ele aguardava confiante que tudo fosse esclarecido, e, com o aparecimento da verdade sua vida retomasse a normalidade, pessoas e brechas da Lei tramaram contra ele.

Segue abaixo um texto que ele escreveu pra nós, antes de ter sua liberdade cassada.

Depois que construírem a cidade mais justa é preciso construir um ambiente que permita com que as pessoas de bem possam viver. Onde o bom caráter, a ética, a dignidade voltem novamente a fazer parte de nossa formação.

NÃO PODEMOS MAIS PERMITIR QUE SOMENTE AS PESSOAS QUE AGEM POR MÁ FÉ SE DÊEM BEM!

Chega de tratar a sociedade como criança a quem se apresenta uma resposta fácil, só para dizer que está fazendo sua parte; e, assim, a injustiça permanece. As autoridades têm que apresentar a verdade à sociedade, pois é só essa que carrega a justiça.

Estamos carentes dos bons exemplos, dos bons valores, tudo por causa dessa ambição desenfreada. Não mais podemos legitimar esse tipo de comportamento, esse modelo de vida, o qual é movido apenas por um valor: o dinheiro. Não é esse mundo que queremos. Esse mundo é para pessoas sem personalidade, sem dignidade, sem caráter – pessoas não-confiáveis.

Por outro lado, pergunto: como é possível que alguém que não me conhece crie, em trinta minutos, um conceito, dizendo que sou uma “ameaça a sociedade”? Penso que não é possível falar aquilo ou daquilo que não se conhece, pois O CONCEITO GERADO SEM CONHECER É PRECONCEITO e preconceito é crime.

Vejam em que sociedade nós vivemos!

Pessoas comuns agirem dessa forma é compreensível, mas, autoridades, representantes, da ‘’lei’’ agirem desse modo é muito perigoso, pois parece que a preocupação está apenas em apresentar uma “resposta à sociedade” e não a verdade... Isso mostra a como a sociedade pode ser tratada como criança, a qual se contenta com qualquer resposta, pois cenas como essa se tornam uma constante.

Não estamos mais vivendo um regime ditatorial; hoje o regime é democrático e o Estado de Direito assegura que todos somos inocentes até que se prove o contrário. Cabe as autoridades fazer valer esse princípio. E é esse princípio que deve permanecer, não podendo jamais ser suprimido por qualquer interesse individual, pois SE ISSO ACONTECER A INJUSTIÇA PASSA PREDOMINAR E REGER A VIDA DE TODOS.

Será que as pessoas estão cegas pela ambição a ponto de não perceber aquilo que Aristóteles apresentou, há dois mil anos atrás: A VIDA COLETIVA SE DEGENERA SEM OS VALORES ÉTICOS E MORAIS.

CHEGA DE INJUSTIÇA!

Autor: JOHN ASSUNÇÃO DE SOUZA (escrito antes de sua prisão).

Mais um movimento

Mais um episódio por parte do acusador do professor John Souza.

O contexto:
Temos - os amigos, familiares e colegas de trabalho do professor John Souza - realizado manifestações em apoio a ele, certos de sua inocência. As manifestações (totalmente pacíficas e acompanhadas de perto pela Polícia Militar) têm ocorrido em frente ao Fórum de Belém e suas adjacências (Cidade Velha). Nosso intuito tem sido chamar a atenção da sociedade para esse caso absurdo e repor a verdade dos fatos, uma vez que a oportunidade tem sido reiteradamente negada ao professor John; ao mesmo tempo, nossa grita quer demonstrar o quanto cremos na idoneidade e inocência do professor; e temos conseguido visibilidade e apoio com isso.

Os Fatos:
A semana passada - além da visível "coação a testemunha" - o acusador do professor John aprontou mais uma:
Acompanhado de dois policiias militares, esteve na residência do empresário do ramo de propaganda volante que nos forneceu o carro-som para a realização da manifestação. Dizendo-se estar ali com a anuência do juiz que preside o caso, ele mandou recado ao referido empresário, através de sua esposa, ameaçando-o de processo, prisão e tudo o mais, caso ele ainda cedesse o carro-som para nossa mobilização!!!! Cobrava, ainda, uma posição do empresário tendo em conta a amizade de longa data entre suas famílias (que amigo é esse que ameaça?!!)
(Fatos esses relatados pelo próprio empresário em questão).

Dois pensamentos nos ocorrem a partir desses episódios:
- O primeiro nos indica o desespero dele - que só pode mobilizar apoio na base da barganha -, uma vez que a situação está se afunilando, suas acusações são infundadas e ele será desmascarado!!!!!
- O segundo pensamento é bastante preocupante  (inclusive, porque pode comprometer o primeiro): ele "tá se achando"! Seja pelo fato de ter condições, inclusive, para contratar um escritório de advocacia inteiro pra atuar em sua acusão fajuta, ou pelo fato de POSSIVELMENTE ter articulações obscuras que garantam-lhe "costas quentes" - o bom e velho resíduo do coronelismo, tão conhecido de todos nós.

Qual será a sua próxima atitude?
Vamos aguardar os acontecimentos!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Tentativa de coação de testemunha (?)

ONTEM A RESIDÊNCIA DE MINHA FAMÍLIA FOI INVADIDA!

Estou, por livre escolha e total disposição, arrolada como testemunha de defesa no caso em que se encontra acusado o professor John Souza - relatado na postagem anterior.

Ontem à noite, sem saber muito bem como sou fisicamente e, também, sem saber que já não me encontrava no local - posto que estou residindo em outro município do Estado -, dois dos familiares do sujeito que acusa o professor John invadiram a residência de minha família.

Com base em inverdades, abordaram minha irmã mais velha (achando que tratava-se de mim), acusando-a e ameaçando com processo judicial caso ela(eu) continuasse a "falar mal" do tal sujeito.

A inteção deles tornou-se clara: Intimidação!

Asseguro de público que os algozes não conseguiram seu intento: NÃO VOU ME DEIXAR INTIMIDAR!

(Mas uma outra resultante grave aconteceu: a saúde já debilitada de minha mãe pôs todos em estado de alerta.)

É impertaivo agora esclarecer que defender o professor John Souza das acusações infundadas não é apenas um ato de amizade; É o ato de uma cidadã que age no interesse público de contribuir para garantir que os direitos individuais (e, assim, os coletivos) sejam resguardados e os maus exemplos não prevaleçam.

(Peço desculpas à minha amada mãe pelos apuros em que a envolvi)

Esmagad@s pelo Direito?

Algumas poucas vezes na vida senti-me tão esmagada, oprimida, indefesa ou impotente como agora - a experiência diz que ainda me sentirei assim em algumas outras.

Aprendo a cada novo dia que a vida (em sociedade) nem sempre favorece a que consigamos exercer nossas plenas capacidades, de modo transparente, com inteireza e certos da validade e predominância dos justos propósitos, da ética e das possibilidades de efetivação da justiça.

Além do drama representado pelas injustiças sociais produzidas e reproduzidas rotineiramente, a que quase banalmente assitimos, acontecem-nos, ainda, fatos - a lá Kafka - que invertem caminhos e nos fazem prender a respiração para analisar: "Égua, em que mundo nós vivemos?"

O último mês certamente representará mais um hiato em minha história - no sentido de uma ponte entre o que eu era e o que virei a ser. Algo que ainda não consigo delimitar.

Entre desventuras outras, presencio um grande amigo, que é um profissional dedicado, uma generosa pessoa, entre outras qualificantes, ser esmagado pelas brechas, subjetividades, informações e relações obtusas e obscuras - minimamente - da Lei.

O professor John Souza - que é um estudioso da área de Ciências Sociais da UFPA, sociólogo, especialista em História e mestre em Ciência Política, além de um militante social ativo, sendo que atuamos juntos por longo tempo em um projeto que oferecia cursos pré-vestibulares a pessoas de baixa renda (cursinhos dito "populares), além de outras ações de interesse comunitário - está sendo desastrosa e levianamente acusado de ser o mentor intelectual, vulgo "mandante", de uma suposta "tentativa de latrocínio" - aproveito pra perguntar aos leitores entendidos se existe, objetivamente, e crime de "tentativa de latrocínio" previsto no Direito/Código Penal???

Desse modo, o professor John encontra-se atualmente privado de sua liberdade, como resultado de uma ação descabida, baseada em suposições, informações obscuras, julgamento e condenação prévias (na fase de instrução do inquérito policial) e muito preconceito.

Assisto revoltada, e um tanto anestesiada como se estivesse fora de órbita, como sendo um filme tenebroso que se repete independente da vontade da platéia, uma acusação descabida arrastar uma valiosa vida (em muitos sentidos) a um caminho de incertezas, de descrenças, de tristezas.

Acredito na verdade. Acredito na grandeza e altivez dos justos. Acredito no amor (que, inclusive, o professor John tem manisfestado em sua caminhada, através de sua generosa atividade voluntária).

Rogo a todas as manifestações de vida e de energia existentes em nosso Cosmos que sua vida seja reconduzida ao justo lugar!

Rogo ainda pela coerência das autoridades competentes, para que ajam na justeza do Direito, e, desse modo, pela garantia da credibilidade do Estado de Direito que todos nós, diaria e historicamente, ajudamos a construir!